domingo, 17 de outubro de 2010

Lesões na corrida I - Canelite

Olá! Para os corredos de plantão e aos fisioterapeutas do esporte, estarei iniciando as publicações sobre as lesões na corrida.
A corrida pode ser considerada um dos esportes mais completos, pois trabalha a maior parte da musculatura esquelética, além de promover o condionamento cardio respiratório, liberação de endorfinas - causando a sensação de prazer, etc. Os beneficios da corrida são incontáveis, porém, se realizado de forma inadequada, pode causar lesões.
Neste primeiro momento, estarei falando sobre uma lesão muito comum nos corredores: a Canelite.



Canelite: causas, tratamento e prevenção



Canelite é o nome popular da Síndrome de Estresse Tibial ou Periostite Medial da Tíbia, que é uma inflamação do principal osso da canela (tíbia) ou dos tendões e músculos ao redor dela, podendo se tornar fratura por estresse. É comum em atletas que praticam futebol, tênis, ciclismo, corrida entre outros.





Quem corre, principalmente médias e longas distâncias, comumente apresenta dor na canela. De 10% a 15% das lesões que ocorrem em corridas e 60% das lesões que causam dores nas pernas de atletas são algum tipo de canelite.
Causas:
• Impacto repetido da corrida: gera microtraumas nessa parte do corpo;






• Fraqueza dos músculos da perna;
• Calçados esportivos inadequados ou com muito tempo de uso;
• Treinamento sem orientação;
• Sobrecarga de treinos e alinhamento inadequado dos membros inferiores: pés supinados (quando o atleta apóia mais a parte de fora dos pés ao correr) ou pronados (quando apóia mais a parte de dentro);
• Pisos duros e compactados como concreto e asfalto também são grandes vilões. Concreto é seis vezes mais severo para os seus tecidos da tíbia do que o asfalto. O asfalto é três vezes mais severo do que a terra batida. A grama é ainda mais macia, e diminui significativamente o risco de inflação na região da tíbia.
Entenda a evolução da canelite: inicialmente ocorre uma inflamação no periósteo (fina camada que recobre o osso) e estruturas adjacentes como músculos e tendões da perna, podendo evoluir para micro fissuras no osso e até promover uma fratura por estresse caso o individuo não pare de correr.
Como prevenir as dores nas canelas?
• Assim que aparecerem os sintomas, procure um ortopedista especializado na área esportiva para fazer o diagnóstico e o tratamento adequado;
• Dose bem seu programa de corrida (distância, frequência e duração);
• O uso de tornozeleiras e de calçados com amortecedores de impacto diminui os riscos.
• Uso de tênis adequado para o seu tipo de pisada (neutra, supinada ou pronada);
• Dê preferência a grama ou pisos de terra e evite também terrenos acidentados.

A fisioterapia é importante no desaparecimento dos sintomas e na prevenção de recidivas. O tratamento inclui:

• Crioterapia: use gelo local durante 20 minutos 3 a 4 vezes ao dia;
• Uso de recursos de eletroterapia como Laser, Ultrassom no local da dor auxiliam na diminuição da inflamação;
• Exercícios de flexibilidade: alongamento principalmente da região anterior da perna e panturrilha;
• Fortalecimento muscular: exercícios para a região anterior da perna são de grande importância (grupo muscular geralmente não trabalhado nas academias);
• Exercícios proprioceptivos;

• Retorno lento e gradativo ao esporte.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

FELIZ DIA DO FISIOTERAPEUTA

13 DE OUTUBRO - DIA DO FISIOTERAPEUTA



Naquele momento em que viver parece tão difícil, pois o corpo já não responde, os movimentos parecem presos e o mundo ao redor se mostra como um gigante obstáculo impossível de transpor, é você, com suas mãos especiais e sua sabedoria, que mostra que ainda é possivel dar mais um passo, e mais outro e outro..... até que aquele paciente, até então desesperançado, aprende novamente a viver....

REVIVE................... REDESCOBRE-SE................ REINTEGRA-SE


Volta a se amar, porque percebe os prazeres simples da vida... abraçar, pegar, locomover-se... e vê que o mundo, na verdade, é um gigante a ser explorado, mesmo com todas as dificuldades...

Então, você recebe a recompensa: o olhar agradecido de quem nem sabe como agradecer pelo "milagre"!


A todos os meus amigos fisioterapeutas, parabéns pelo nosso dia e continuemos fazendo esse trabalho que necessita dedicação, doação e principalmente amor a profissão!

Um grande abraço

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cuidados na Academia: exercícios mal praticados podem causar lesões

Em meus anos de experiência trabalhando com ortopedia e esportes, venho percebendo que várias lesões dos meus pacientes são ocasionadas por exercícios inadequados realizados nas academias. Por este motivo, acho importante o esclarecimento sobre o assunto em relação às causas e prevenção dessas lesões.



Para aqueles que não fazem ou pararam qualquer tipo de atividade física e pretendem reiniciar a prática de exercícios, são necessários cuidados específicos com ossos, articulações e ligamentos, para que essas atividades não causem problemas à saúde. Caminhadas, prática de esportes e principalmente nas academias de ginásticas são as atividades mais procuradas para manter a forma e perder peso, porém são constantes as lesões em joelhos, ombros e coluna, devido à sobrecarga dos exercícios. A maioria deles executados sem a devida orientação.




Além dos exercícios praticados na academia, o aluno tem que se atentar a outros itens, presentes no dia a dia, que ajudam com o aumento de lesões. É importante o esportista se preocupar com a postura durante o dia e no caso das mulheres também com o constante uso do salto alto.

É fundamental, antes de iniciar qualquer atividade física, procurar um médico ou um fisioterapeuta com vivência em traumas do esporte, para receber orientação ideal para cada tipo físico e não exagerar nos exercícios. É importante também iniciar os exercícios de forma gradativa.

O corpo não está acostumado com exercícios bruscos, pois é uma grande mudança, sem um período adequado para readaptação. Por isso o esportista tem de ficar atento com a série de exercícios praticados na academia e procurar uma que melhor se ajuste as suas necessidades, de forma que não agrida o sistema músculo-esquelético.

Maiores causas de lesões nas academias

- excesso de carga nos exercícios de musculação = ocasiona em lesões musculares e sobrecarga nas articulações, além do risco de hérnias de disco;



- postura inadequada durante os exercícios = ocasiona em dores nas costas e também risco de hérnias de disco e contraturas musculares;



- ajuste inadequado de bicicletas em aulas de spinning = ocasiona em lesões de coluna e principalmente de joelho.

- calçados inadequados na utilização da esteira e nas aulas coletivas = lesões por sobrecarga em joelhos e coluna lombar;



- muitos alunos para poucos professores = não há correção adequada durante os exercícios;



- exercícios inadequados para o tipo físico e idade do aluno = alunos muito jovens ou idosos não podem realizar determinados exercícios.


Prevenção das lesões

A prevenção é um fator de extrema importância. Os riscos devem ser avaliados pelos profissionais, que devem estar atentos a qualquer queixa do aluno. Para prevenir as lesões na academia devemos:

  1. procurar um profissional da área esportiva para determinar o tipo de atividade adequada;
  2. informe-se se a academia que frequenta possui profissonais de educação física formados;
  3. iniciar os exercícios de forma gradativa;
  4. realizar alongamento e aquecimento prévios para prevenir lesões musculares;
  5. usar vestuário e tênis adequados;
  6. não ir além do que seu organismo pode suportar;
  7. qualquer dúvida sobre carga, ajuste das bicicletas ou posicionamento nos exercícios, procurar o professor imediatamente;
  8. ao primeiro sinal de dor, PARE os exercícios;
  9. se possível, contrate um personal trainer.

Devido a esses fatores, os alunos e professores devem estar atentos e uma avaliação física minuciosa deve ser realizada pelo profissional.

Ao primeiro sinal de dor, pare os exercícios. Se a dor persistir mesmo em repouso, o médico deverá ser procurado e apenas um especialista fará a avaliação adequada podendo o paciente passar um tratamento específico de acordo com a situação.
LEMBRANDO: A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA, PORÉM ELA SÓ É BENÉFICA QUANDO REALIZADA ADEQUADAMENTE!!!

domingo, 11 de abril de 2010

I Ciclo de Palestras REABI Itapevi

Trabalho há 6 anos no Centro de Reabilitação de Itapevi (REABI) e lá desenvolvemos o trabalho de reabilitação nas áreas de fisioterapia ortopédica, reumatológica, respiratória ambulatorial e neurológica. No REABI há também os serviços de fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, odontologia e neurologia.

Atendemos a população do município pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que corresponde a uma população extremamente carente em todos os sentidos.

Eu, particularmente, trabalho no setor de fisioterapia ortopédica, onde realizamos cerca de 130 atendimentos diários. Somos em 8 fisioterapeutas, 6 atuando na fisioterapia geral e 2 na fisioterapia neurológica.

Apesar do alto número de pacientes atendidos e pela dificuldade muitas vezes enfrentadas pelos terapeutas, tentamos melhorar nosso atendimento a cada dia e promover melhor relação paciente-terapeuta.

Pensando nisso, desenvolvemos nos dias 5 a 9 de abril o I Ciclo de Palestras aos pacientes do REABI.
Seis temas foram desenvolvidos pelos terapeutas:

Envelhecimento normal e patologico (Ft. Dnoá Conrado)



Hipertensão, Diabetes e Obesidade (Ft. Keli Cristina)



Benefícios da Atividade Física (Ft. Karina Palla)



Dor (T.O. Amabile)



Doenças da Coluna e Postura (Ft. Karime Oliveira)



Doenças Respiratórias e Tabagismo (Ft. Fabio Kodel)
(sem foto)



Os terapeutas desenvolveram os temas e promoveram uma interação com os pacientes, abrindo espaço para perguntas.

Acreditamos que este trabalho desenvolvido foi de muita valia, pois complementa a reabilitação e promove qualidade de vida, principalmente para essa população que é tão carente e desinformada.



Da esquerda para direita: Fernando (nosso coordenador), Fábio, Keli, Dnoá, Karime e Eu.

"Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim." Mahatma Gandhi

sexta-feira, 26 de março de 2010

Osteoartrose

Dentre todas as patologias que acometem os indivíduos à partir da 4ª década da vida, sem dúvida, a Osteoartrose é a mais comum delas, estimando-se que ocorra em até 90 % da população adulta . Ela pode afetar uma articulação ou várias articulações, sendo as mais freqüentes aquelas que acontecem nos pés, joelhos, quadril, coluna vertebral e mãos.

A Osteoartrose se caracteriza por dor, rigidez e perda da mobilidade causada por uma perda progressiva da cartilagem articular que é acompanhada por uma inadequada remodelação óssea e, em muitas circunstâncias, a formação de osteófitos - o famoso bico de papagaio. Abaixo um exemplo da degeneração causada pela osteoartrose. A esquerda um joelho normal e a direita um joelho acometido.



A Osteoartrose é, do ponto de vista médico, dividida em dois grandes grupos. O primeiro denominado de Osteoartrose Primária, é formado por aqueles indivíduos que já possuem um patrimônio genético, que faz com que a patologia se desenvolva independentemente de fatores externos.

O segundo grupo, denominado de Osteoartrose Secundária, é formado por pessoas que, em virtude de algum fator agressivo ocorrido em determinado período da sua vida, passam a apresentar a patologia. Fazem parte deste grupo os indivíduos muito obesos, os que sofreram algum traumatismo articular (entorses, fraturas, luxações), os que sofreram algumas alterações hormonais específicas, os que executam esportes com micros traumatismos de repetição, os que executam esportes de desaceleração (saltos), etc...



Nos RXs acima podemos observar três exemplos de osteoartrose. Nas três observamos a diminuição do espaço articular, presença de osteófitos (bicos de papagaio). No RX da coluna lombar os osteófitos estão bem evidentes. Os três pacientes foram atendidos por mim no Centro de Reabilitação de Itapevi e apresentavam dores intensas e incapacidade.


Tratamento da Osteoartrose
O início do programa de tratamento pode fazer diferença significativa na qualidade de vida do paciente.
Há muitos tratamentos disponíveis para aliviar os sintomas dessa enfermidade, bem como para melhorar e preservar a função articular e a qualidade de vida. Tais tratamentos envolvem-se desde a simples orientação educacional para os pacientes até o uso de medicações, fisioterapia e cirurgia, em casos extremos. É importante que o indivíduo com osteoartrite mantenha boa saúde geral, elimine os fatores de risco, como o excesso de peso corporal, preserve uma boa força muscular e, acima de tudo, reconheça a sua própria responsabilidade no controle do tratamento.

A fisioterapia desempenha um papel importante no tratamento dos sintomas da osteoartrose.O uso de eletroterapia analgésica e antinflamatória é indicada e a manuntenção de exercícios fisicos de baixo impacto são essenciais. Os exercícios de alongamento, fortalecimento muscular, propriocepção e equilíbrio são de grande valia, pois com a musculatura alongada e fortalecida, há diminuição significantiva da sobrecarga sobre a articulação acometida. Os exercícios de propriocepção também são de extrema importância, pois algumas pesquisas indicam que as articulações acometidas por osteoartrose perdem significantemente os estímulos proprioceptivos. Órteses e equipamentos de auxílio à marcha também podem ser indicados quando há necessidade de melhorar, auxiliar ou substituir uma função.

Hidroginástica e acupuntura também são ótimas formas de tratamento, e quando associados à fisioterapia obtem-se ótimos resultados.

Espero que as informações tenham sido úteis!! Em outra oportunidade estarei falando dos tipos de cirurgia e pós operatório nos casos de osteoartrose!

Abraços!





quarta-feira, 24 de março de 2010

Treinamento Funcional

No ano de 2009 iniciei um trabalho de treinamento funcional com meus pacientes. Realizei o curso do Core 360 e outro curso em Buenos Aires no Centro Europeo de Educación Física.

Me apaixonei pela técnica pois podemos trabalhar o "funcional" do paciente de uma forma dinâmica e global.

Mas enfim:

O que é Treinamento Funcional?

Os exercícios de treinamento funcional têm como objetivo resgatar, através de um programa de treinamento individualizado e específico, a capacidade funcional do indivíduo, independente do seu nível de condição física e das atividades que ele desenvolva. Ou seja, o trabalho é feito de acordo com a atividade que o paciente execute, de uma forma global, sendo ele atleta ou não. Nos exercícios trabalhamos força muscular, propriocepção, equilíbrio estático e dinâmico, agilidade e potência, além de trabalhar o centro de força (CORE) que é a base da estabilidade do nosso corpo. Tudo isso sendo adaptado a cada indivíduo e dependendo do seu objetivo.




Na fisioterapia os exercícios podem ser executados na reabilitação de qualquer indivíduo que necessite de treino de força e propriocepção. Exemplo: Pós operatórios, lesões musculares, entorses, fraturas, etc. Utilizamos a técnica principalmente para readaptação de um atleta ao seu esporte. Na figura ao lado, um exemplo de treino de estabilidade, força e propriocepção de ombros.



Um video muito interessante exemplifica alguns exercícios de treinamento funcional.

Entrem nesse link do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=0W9ewkvEHuM


Em outra oportunidade estarei falando mais do assunto!!


Abraços


terça-feira, 23 de março de 2010

ARTIGO: Avaliação da instabilidade multidirecional não traumática de ombro em atletas de handebol

Realizei este trabalho em 2008. Os resultados são significativos!


Avaliação da instabilidade multidirecional não traumática de ombro em atletas de handebol


RESUMO
O objetivo desse trabalho foi avaliar a instabilidade multidirecional não traumática do ombro em atletas handebol profissional masculino. A amostra foi composta por 11 atletas da equipe de handebol da cidade de Itapevi, com idade entre 18 e 31 anos. Foram realizados testes especiais para avaliar instabilidade anterior, inferior e posterior de ombro. Amplitude de movimento de rotação interna e externa de ombro foi mensurada com uso de goniômetro. Os resultados mostraram que 72,72% dos atletas apresentam algum tipo de instabilidade de ombro. 58,33% apresentaram instabilidade anterior; 72,72% aumento na amplitude de movimento de rotação externa, e 90,90% dos atletas apresentaram diminuição na rotação interna. Assim, podemos concluir que a instabilidade de ombro, de causa não traumática, se faz presente em atletas profissionais de handebol, devido aos esforços repetitivos na articulação do ombro exigidos pelo gesto esportivo, associado a longo períodos de treino.

INTRODUÇÃO
O ombro é a articulação mais móvel do corpo humano e trabalha com a sincronia de cinco articulações: glenoumeral, acromioclavicular, esternoclavicular, espaço subacromial e escapulotorácica. A articulação glenoumeral é considerada a mais instável, em virtude do pequeno contato das superfícies articulares entre a glenóide e a cabeça do úmero. A mesma é estabilizada dinamicamente pelos músculos do manguito rotador e estaticamente pelo lábio glenoidal e ligamentos glenoumerais superior, médio e inferior e ligamento coracoumeral. É uma articulação comumente lesionada na prática esportiva, geralmente devido ao esforço repetitivo ou trauma local. Os atletas muitas vezes executam gestos esportivos que excedem os padrões de normalidade fisiológica da articulação, acarretando uma série de lesões osteomusculares e ligamentares. Em esportes que priorizam o contato físico, existem os traumas diretos ou indiretos na cintura escapular. (1)
O Handebol é um jogo de contato entre times em que os jogadores driblam, passam e arremessam a bola com suas mãos, tentando fazê-lo quantas vezes possíveis contra o gol adversário. É um esporte que mistura velocidade, potência e resistência, além de apresentar o contato direto entre os jogadores. Isso predispõe o atleta a lesões em todo o corpo, sejam elas por trauma ou lesões por esforço repetitivo (overtraning). (2)
Segundo Franco, o handebol é a segunda modalidade esportiva com maior índice de lesões. A incidência e severidade das lesões estão diretamente ligadas à fatores pessoais (idade, sexo, agilidade, coordenação, flexibilidade, composição muscular, lesões pregressas, técnica, personalidade e equilíbrio emocional); fatores relacionados à modalidade (contato entre jogadores, gesto esportivo, regras, equipamentos) e fatores ambientais (tipo de piso, temperatura) (3).
O arremesso é gesto principal do jogador no ataque e a articulação do ombro é a atuante principal neste movimento (4). O mesmo possui 3 fases: preparo, aceleração e desaceleração. Na fase de preparo temos os seguintes movimentos: 90º de abdução com ação do músculo (m.) deltóide e supra-espinhoso; rotação externa do ombro com ação dos músculos (mm.) infra-espinhoso, redondo menor; adução da escápula com ação dos mm. trapézio e rombóide; flexão de cotovelo com ação do m. bíceps braquial; os mm. grande dorsal, peitoral maior, subescapular serrátil anterior e tríceps braquial agem excentricamente nesta fase. É geralmente nesta fase do arremessoento.comlaçõeculações incipal d que a articulação é mais sobrecarregada (5).
No handebol, os atletas realizam cerca de 48.000 arremessos por temporada, com velocidade média de 130km/h. A energia envolvida nesses movimentos é elevada, afetando e ultrapassando o limite fisiológico do ombro (6). Isso faz com que esses atletas sofram adaptações, tanto de partes moles, quanto da estrutura óssea, tais como: alongamento da cápsula anterior, hipertrofia e encurtamento da cápsula posterior e o aumento da rotação externa (7). Segundo Litchfield, atletas arremessadores podem apresentar diminuição da amplitude de movimento da rotação interna do ombro. Além disso, podem apresentar pequena diminuição da força de rotação externa, discinesia escapular e escápula alada (8).
Berg & Ellison, concluíram em seu estudo que os traumatismos repetitivos são os fatores responsáveis pelas lesões nos tecidos estabilizadores do ombro, gerando as lesões por overuse e, posteriormente, a instabilidade. Isto no caso de nadadores, ginastas, arremessadores e outros atletas que sobrecarregam o membro superior (9).
Devido a estes fatores, são necessários estudos que avaliem a instabilidade de ombro de atletas arremessadores, no caso, atletas da modalidade esportiva handebol.


OBJETIVOS
Avaliar a instabilidade multidirecional não traumática de ombro em atletas de handebol masculino profissional.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar a instabilidade multidirecional de ombro em atletas de handebol masculino profissional, comparando membro dominante (MD) com o membro não dominante (MND), utilizando testes especiais de instabilidade e mensuração da amplitude de movimento (ADM) de rotação interna e externa de ombro.

MATERIAIS E MÉTODOS
Foram avaliados 11 jogadores do time de handebol profissional adulto masculino da cidade de Itapevi-SP.
Um questionário foi aplicado, incluindo itens como nome, sexo, idade, membro dominante, tempo de atividade, posição de jogo, presença ou não de dor no ombro, patologias e cirurgias anteriores de ombro. Foram excluídos da amostra os pacientes que apresentavam patologias ou os que já foram submetidos a cirurgias de ombro.
Foram realizadas medições goniométricas para os movimentos de rotação interna e externa de ombro bilateralmente, utilizando goniômetro da marca Carci para essas medições. Ambas as medições foram realizadas com os pacientes em pé, com o membro superior posicionado em 90º de abdução e em posição neutra de rotações. Partindo dessa posição foram mensurados a rotação interna e externa ativamente.
Testes especiais também foram utilizados para avaliar possíveis instabilidades, primeiramente avaliando-se o lado não dominante do atleta e posteriormente o lado dominante. São eles: teste do sulco, em que o atleta mantém o membro superior ao longo do corpo, o terapeuta aplica uma força de tração longitudinal e observa-se o surgimento de um “sulco” entre a cabeça do úmero e o acrômio, avaliando a instabilidade inferior (10); teste de apreensão inferior, onde com o paciente fica com o braço abduzido a 90º passivamente e o terapeuta aplica uma pressão para baixo na cabeça do úmero, avaliando a instabilidade inferior (10); teste de apreensão anterior, onde produz-se o movimento de abdução, combinado com rotação externa, repetindo portanto, o movimento que provoca luxação, avaliando instabilidade anterior (1); teste gaveta anterior, onde o paciente encontra-se sentado e o terapeuta apóia uma de suas mãos estabilizando a escápula e sua margem superior, enquanto a outra mão força o deslocamento do úmero anteriormente, avaliando instabilidade anterior (11); teste da gaveta posterior, o paciente ficará na mesma posição do teste anterior, porém o terapeuta força um deslocamento posterior (11); teste de apreensão posterior, nesse o paciente encontra-se em pé com o membro avaliado em 90º de abdução, e o terapeuta com uma das mãos apoiadas sobre o ombro estabilizando a escápula e com um de seus dedos exercendo uma pressão no sentido posterior na cabeça do úmero enquanto a outra mão apóia o cotovelo do paciente e promove um deslocamento de adução horizontal do ombro, avaliando assim a instabilidade posterior (11).


RESULTADOS

Foram avaliados 11 atletas, sendo 10 destros (90,90%) e 1 canhoto (9,10%), com média de idade de 21,36 anos e tempo médio de atividade de 7,63 anos. Destes, 2 eram goleiros, 3 meias, 3 pontas, 2 armadores e 1 pivô.
Os resultados obtidos após a aplicação do questionário e avaliação (testes especiais e aferição de ADM) foram:

- 72,72% dos atletas apresentaram aumento e 27,28% apresentaram diminuição da rotação externa do membro dominante;
- 72,72% dos atletas apresentaram ao menos um teste positivo;
- 90,90% apresentaram diminuição de rotação interna e 9,10% não apresentaram alterações;
- 45,45% dos atletas relataram a existência de dor;
- 58,33% dos testes positivos foram relacionados a instabilidade anterior, 25,00% a instabilidade inferior e 16,67% a instabilidade posterior.

DISCUSSÃO
Segundo Flatow o equilíbrio entre os estabilizadores estáticos e dinâmicos confere estabilidade à articulação do ombro. Nos esportes com movimento de arremesso superior, existe um risco de ocorrência de uma variedade de desordens no ombro devido aos movimentos repetitivos e de estresse na articulação glenoumeral. A instabilidade glenoumeral é uma desordem importante a ser considerada (13).
Seil relata que o handebol, por ser um esporte de arremesso, expõe à articulação glenoumeral a sobrecarga, o que resulta em uma alta incidência de lesões de membros superiores, encontradas mais frequentemente em jogadores com mais tempo de atividade e os que mais arremessam (pontas e meias) (14). No presente estudo, pudemos observar que a dor estava presente em 2 dos 3 meias e em 1 dos 3 pontas, enquanto os testes especiais para instabilidade foram positivos em 3 dos 3 meias e em 2 dos 3 pontas.
Além desses jogadores, pudemos observar alteração nos testes especiais e dor nos jogadores de outras posições. Os 2 jogadores armadores referem dor no ombro, porém somente um deles apresentou teste gaveta anterior positivo, além de apreensão inferior e posterior. O jogador pivô não apresentou queixa de dor no ombro, porém apresentou o teste de apreensão posterior positivo. Dos 2 goleiros, nenhum apresenta queixar de dor na articulação e somente 1 apresentou teste de sulco positivo no membro não dominante.
Bigliani et al, compararam o arco de movimento dos ombros dominante e não dominante de 148 atletas de beisebol profissionais. O braço dominante dos atletas arremessadores apresentava aumento da rotação externa com o membro superior a 90º de abdução e diminuição da rotação interna (15). Em nosso estudo, observamos que 72,72% dos atletas apresentavam aumento da rotação externa do membro dominante. Em relação à rotação interna 90,90% apresentaram diminuição na ADM no lado dominante.

CONCLUSÃO
Podemos concluir após esse estudo, que a instabilidade de ombro (em especial a instabilidade anterior), de causa não traumática, se faz presente em atletas de handebol, assim como uma importante alteração nas amplitudes de movimento de rotação interna e externa, devido aos esforços repetitivos exigidos pelo gesto esportivo. Assim, fica clara a necessidade de um trabalho preventivo a esses atletas para que sejam minimizadas ou evitadas possíveis patologias decorrentes de tal instabilidade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Cohen, M.; Abdalla, R. J.; Lesões nos Esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento – Ed Revinter, 2005;

2. Sanches, F.G.; Borin, S.H. – Lesões mais comuns no handebol - htttp://handebolbrasil.net/2007/07/25/, 2004;).

3. Franco F. - Prevenção de lesões no handebol -http://64.233.169.104/search?Q=cache:-zzkoozv:br.geocities.com/emacarneiro/handebol.htm+musculos+do+arremesso+handebolzzkoozv:br.geocities.com/emacarneiro/handebol.htm+musculos+do+arremesso+handebol, 2007;

4. http://www.fisioesporte.com.br/

5. Hamill J., Knutzen K. M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano – cap. 5 – pags. 161-165; 1999

6. EJNISMAN B. e Cols - Lesões músculo esqueléticas no ombro do atleta: mecanismo de lesão, diagnóstico e retorno à prática esportiva – Rev. Bras. Ortop – vol. 36 nº10 outubro 2001;

7. Muraqchovsky, J, et al. - Avaliação da retroversão da cabeça do úmero em jogadores de handebol – Acta Ortop Bras, 15 (5): 258-261, 2007;

8. Litchfield, R., Hawkins, R.; Dillman, C. et al. – Rehailitation for the overhead athlete – J.Orthop. sports Phys Ther 18: 432-441, 1993;

9. Berg, E. E., Ellison, A. E. – The inside-out Bankart procedure. Am J Sports Med 18:129-133, 1990;

10. Malone, T.; McPoil T.; Nitz AJ. – Fisioterapia em Ortopedia e Medicina no Esporte. Editora Santos, 1ª Edição em português, São Paulo, 2000. Capítulo 15, paginas 414 e 415.

11. Buckup, K. – Testes Clínicos para Patologias Óssea, Articular e Muscular. Editora Manole, 1ª Edição, São Paulo, 2002. página 91

12. Marques, AP. – Manual de Goniometria. Editora Manole, 1ª Edição, São Paulo, 1997.

13. Flatow E. L., Levine W. N. – The pathophysiology of showder instability. Am J Sports Med 2000; 28 (6):910-17

14. Seil R., Rupp S., Tempelhof S., Kohn D. – Sports injuries in team handball. Am J Sports Med 1991; 19 (2):681-87

15. Bigliani L. U., Cood T. P, Connor P.M., Levine WN – Shoulder motion and laxity in the professional baseball player. Am J Sports Med, 1997; 25 (5):619-13.